segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tempos de menina

Nicole Rilene - 12 de dezembro de 2010- 01:20

Posso ser várias coisas
desde que sejam leais
Imoralistas, imprevisível, ilegal
fora de órbita, porém sempre no meu lugar
Mas, afinal o que imorta?
Pra mim tanto faz
Posso ser um pesadelo
um sonífero ou um ninar
Só não posso ser um sonho
porque tdos são iguais
Sou olho por olho e dente por dente
e nada me fará mudar
porque atualmente nada mais me satisfaz
Mas, vejam só onde fui parar
Alucinada com meu mundo pessoal
vivo inventando histórias de pessoas irreais
Tanta bagunça, tanta farsa e hipocrisia
Ah que saudades dos meus tempos de menina

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Um poema pornográfico.

(L.B. – h. 22:36 – 05/05/2004)

Na hora de dormir eu trepo...
Eu trepo nas palavras e engulo a gramática.
Chupo as concordâncias e gozo no papel.

Na hora de dormir algo em mim endurece
Endurece todos os adjetivos, pronomes e substantivos.
As palavras que surgem a cada milésimo de segundo, excitam-me.

Minha língua passando por todos os pingos, pontos, vírgulas, acentos.
Trepo sem medo de foder na língua.
É uma língua gelada carnuda
que tocando a ponta de meus dedos
ascende todo o calor de meu corpo.
É uma puta língua.

Um tesão que vai crescendo, crescendo, crescendo....
Chegando ao tamanho deste prostituto poema amor.

As posições são variadas. Por trás. Em cima. Por baixo. De quatro.
Lambendo o cu do artigo indefinido.
Chupando a vulva da crase frígida.
Gozando na cara das orações subordinadas adjetivas

É assim pela noite afora.
Metendo. Copulando. Amando loucamente.
Até nascerem os filhos desta puta pátria Língua Portuguesa.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Santo Inferno

Nicole Rilene - 31 de Outubro de 2010

Afoguei por fim todos os patos pretos da lagoa perdida
Enterrei no mais profundo os restos de minhocas mortas
Entrelacei o pescoço de meus inimigos com a minha alma
Amei por um instante o caminho para o inferno que me guiava

Encontrei no paraíso anjos que sentiam prazer
Amedontrei o medo com doces indesejáveis olhares
Avistei a porta da casa suja de barro e cheiro seco
Encantei com o ladrão que me roubava a noite e minhas flores

Na volta, nada, nem o céu, nem o inferno
Nem o medo que a atordoava, nem a loucura que temia
Nunca seria o fim, nunca houve início

Na saída, nada, nem fé, nem Cristo
Nem o desejo que a possuirá, nem a solidão que temia
Nunca seria tarde, nunca foi cedo.

domingo, 31 de outubro de 2010

Nicole Rilene - 15 de janeiro de 2010

Você é pó
É água do boeiro da cidade suja
E uma dessas minas que vivem na Augusta
É a lágrima perdida que eu tento não chorar
É a dor da fome com três filhos no colo

Tu não tem dó
Tu vale menos que uma vagabunda
Tu não tem vergonha de ser tão imunda
Tu se satisfaz por quaisquer cinco contos
Tu não tem amigos, tu só vive só

Você é só
É a bala perdida que matou o papa
É um livro esquecido de um poeta morto
É o beijo que a princesa nunca deu no sapo

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Intragável

Nicole Rilene - 18 de outubro de 2010


Nada poderia me causar espanto

Nada me assustaria,

Nunca haveria fogo para me queimar

Nuca me agoniaria

As maças vermelhas estão caindo da árvore

Ninguém pode experimentá-las

Não foi Deus que permitiu

Foi um órgão que decidiu

Não se pode beber da fonte

Quando a água está escassa

Não se pode beijar o papa

Quando não se faz parte do clero

Não se pode entender a lógica

Quando não há razão

Saberia dizer mais das coisas que não sei

Porque tudo que sei, é indispensável.

Caberia dizer do que cansei

Porque tudo que sei, é intragável.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pressão

O que nos torna errantes são as impossibilidades causadas pelo nossa excessiva e compulsiva busca pela felicidade. No caminho encontramos árvores verdes, frutos saborosos e na maioria das vezes os podres também. Isso reflete na minha pequena insatisfatória vontade de continuar buscando o que nada tenho, e que muito quero.
Agonizante seria dizer que não sonho, e isso é verdade na maior parte do dia. Já se foram os tempos em que sonhar alimentavam os meus desejos, hoje, só preciso de vida e instante. Qualquer coisa pouca faria me sentir estremecer os músculos, me roubando risadas e mais delas. Mas hoje, depois de todos os frutos podres que experimentei, tenho guardado ainda o gosto amargo e cheiro de mofo que carregam.
Entendo que a vida é uma panela de pressão, onde sentimentos e saudades cozinham por anos ao lado de sonhos e esperança, e por fim explodem, modificando a matéria. Por mais degustantes que fossem, apresentam pois agora, aparência suja, negra e um forte cheiro de morte.

Brincadeira de criança

Brincadeiras a parte, todas elas são verdades. Não há se quer em alguém um pouco de sanidade? Para que tanta descontração? Não, não posso dizer aqui quase tudo, nem muito menos, quase nada. Sendo assim, tudo que escrevo, garanto, há razão. Mas há sentido?
O que me move é a insegurança. É ela que faz com que as minhas noites não tenham reticências. Malditas reticências, eu as quero tanto, as desejo tanto, as preciso tanto. Digo pelo menos, caso viesse a mim, as trocaria por uma vírgula, no máximo uma exclamação, mas, nunca por um ponto final. Quero vírgulas e muitas delas. Quantas vezes precisar, quantas vezes querer.
Tento sair pela janela, encontrar a outra calçada, seguir a direção dos carros, fugir de mim.