segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Tempos de menina
Posso ser várias coisas
desde que sejam leais
Imoralistas, imprevisível, ilegal
fora de órbita, porém sempre no meu lugar
Mas, afinal o que imorta?
Pra mim tanto faz
Posso ser um pesadelo
um sonífero ou um ninar
Só não posso ser um sonho
porque tdos são iguais
Sou olho por olho e dente por dente
e nada me fará mudar
porque atualmente nada mais me satisfaz
Mas, vejam só onde fui parar
Alucinada com meu mundo pessoal
vivo inventando histórias de pessoas irreais
Tanta bagunça, tanta farsa e hipocrisia
Ah que saudades dos meus tempos de menina
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Um poema pornográfico.
Na hora de dormir eu trepo...
Eu trepo nas palavras e engulo a gramática.
Chupo as concordâncias e gozo no papel.
Na hora de dormir algo em mim endurece
Endurece todos os adjetivos, pronomes e substantivos.
As palavras que surgem a cada milésimo de segundo, excitam-me.
Minha língua passando por todos os pingos, pontos, vírgulas, acentos.
Trepo sem medo de foder na língua.
É uma língua gelada carnuda
que tocando a ponta de meus dedos
ascende todo o calor de meu corpo.
É uma puta língua.
Um tesão que vai crescendo, crescendo, crescendo....
Chegando ao tamanho deste prostituto poema amor.
As posições são variadas. Por trás. Em cima. Por baixo. De quatro.
Lambendo o cu do artigo indefinido.
Chupando a vulva da crase frígida.
Gozando na cara das orações subordinadas adjetivas
É assim pela noite afora.
Metendo. Copulando. Amando loucamente.
Até nascerem os filhos desta puta pátria Língua Portuguesa.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Santo Inferno
Afoguei por fim todos os patos pretos da lagoa perdida
Enterrei no mais profundo os restos de minhocas mortas
Entrelacei o pescoço de meus inimigos com a minha alma
Amei por um instante o caminho para o inferno que me guiava
Encontrei no paraíso anjos que sentiam prazer
Amedontrei o medo com doces indesejáveis olhares
Avistei a porta da casa suja de barro e cheiro seco
Encantei com o ladrão que me roubava a noite e minhas flores
Na volta, nada, nem o céu, nem o inferno
Nem o medo que a atordoava, nem a loucura que temia
Nunca seria o fim, nunca houve início
Na saída, nada, nem fé, nem Cristo
Nem o desejo que a possuirá, nem a solidão que temia
Nunca seria tarde, nunca foi cedo.
domingo, 31 de outubro de 2010
Você é pó
É água do boeiro da cidade suja
E uma dessas minas que vivem na Augusta
É a lágrima perdida que eu tento não chorar
É a dor da fome com três filhos no colo
Tu não tem dó
Tu vale menos que uma vagabunda
Tu não tem vergonha de ser tão imunda
Tu se satisfaz por quaisquer cinco contos
Tu não tem amigos, tu só vive só
Você é só
É a bala perdida que matou o papa
É um livro esquecido de um poeta morto
É o beijo que a princesa nunca deu no sapo
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Intragável
Nicole Rilene - 18 de outubro de 2010
Nada poderia me causar espanto
Nada me assustaria,
Nunca haveria fogo para me queimar
Nuca me agoniaria
As maças vermelhas estão caindo da árvore
Ninguém pode experimentá-las
Não foi Deus que permitiu
Foi um órgão que decidiu
Não se pode beber da fonte
Quando a água está escassa
Não se pode beijar o papa
Quando não se faz parte do clero
Não se pode entender a lógica
Quando não há razão
Saberia dizer mais das coisas que não sei
Porque tudo que sei, é indispensável.
Caberia dizer do que cansei
Porque tudo que sei, é intragável.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Pressão
Brincadeira de criança
O que me move é a insegurança. É ela que faz com que as minhas noites não tenham reticências. Malditas reticências, eu as quero tanto, as desejo tanto, as preciso tanto. Digo pelo menos, caso viesse a mim, as trocaria por uma vírgula, no máximo uma exclamação, mas, nunca por um ponto final. Quero vírgulas e muitas delas. Quantas vezes precisar, quantas vezes querer.
Tento sair pela janela, encontrar a outra calçada, seguir a direção dos carros, fugir de mim.